sábado, 21 de janeiro de 2012

Enem assombra candidatura de Haddad em São Paulo


Às vésperas de deixar o Ministério da Educação, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que fará uma campanha sem ataques, mas não deixou de dar estocadas nos tucanos e disse,  numa referência à disputa presidencial entre Dilma Rousseff e o ex-governador José Serra, marcada por insultos:

- Eu não vou oferecer a São Paulo o espetáculo de difamação promovido em 2010 pelo PSDB. A campanha de 2010 deve nos servir de lição para afastar a deselegância e o mau gosto.

Dilma preparou uma solenidade de despedida para Haddad na segunda-feira, no Palácio no Planalto, quando será anunciada a concessão da milionésima bolsa do ProUni. Pesquisa interna em poder do PT indica que uma chapa formada por Haddad e o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PSD), seria imbatível, mas o ministro não parece empolgado com a aliança proposta pelo prefeito Gilberto Kassab.

MEC cancela edição de abril do Enem

MEC recorre de decisão da Justiça sobre redações do Enem

 Justiça dá acesso a correção de redações do Enem

Na quinta-feira, Haddad teve longa conversa com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que lançou a candidatura do deputado Gabriel Chalita.

- Ele expressou a vontade de manter o PT e o PMDB unidos em torno de um projeto nacional.

Enem x privatizações

O ministro desconversou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, sobre a decisão de Serra de não entrar no páreo e, ao abordar os problemas do Enem, insinuou que o PSDB tem como calcanhar de Aquiles as privatizações de empresas estatais.

- Há uma tentativa de desgastar um projeto que tem 80%, 90% de aprovação, como o Enem. Da mesma maneira que tentaram macular o Bolsa Família, o PAC, o ProUni, vão tentar macular o Enem. Agora, não há no mundo um exame nacional do ensino médio que não passe pelos problemas que enfrentamos aqui. As tentativas de fraude foram abortadas pela Polícia Federal. Na China houve problemas, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França.

Uma gestão de problemas

Às vésperas de deixar o MEC (Ministério da Educação), Fernando Haddad ainda se vê enrolado em meio aos inúmeros problemas de sua gestão. Desta vez, foram as correções do Enem que foi colocada em xeque depois de um erro cometido na correção da redação de um aluno.

O estudante de São Paulo conseguiu, após entrar com um pedido na Justiça, ter a nota da redação alterada de “anulada” para 800 pontos, em uma escala que vai até mil, o que colocou em dúvida o sistema de correção do exame.

Essa foi a primeira vez que uma nota do Enem foi alterada. Depois disso, estudantes de outros Estados como Rio de Janeiro, Ceará e Minas Gerais também entraram na Justiça para pedir a revisão de suas provas.

O Ministério Público Federal do Ceará decidiu então entrar com um pedido na Justiça para que todos os candidatos do Enem 2011 tivessem acesso às suas provas. No dia 17 de janeiro, o pedido foi aceito pelo juiz Luís Praxedes Vieira da Silva.

O edital do Enem não permite que os candidatos tenham acesso à prova de redação, nem mesmo que peçam a revisão da nota. Para o procurador da República Oscar Costa Filho, autor do requerimento, a extensão das liminares a todos os candidatos é a única via idônea para preservar os direitos violados dos estudantes.

Em resposta à decisão, Haddad afirmou que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), braço do MEC responsável pela organização do Enem, não tem condições tecnológicas de cumprir a ordem dada pela Justiça Federal do Ceará.

O ministro alegou ainda que a decisão poria em risco a realização do exame prevista para abril deste ano. Segundo Haddad, o ministério precisaria de “fôlego” para atender às exigências.

Apesar de o MEC inicialmente ter confirmado apenas dois casos de notas corrigidas, um ofício do Cespe/Unb (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília), órgão que faz parte do consórcio organizador do exame, mostrou que 129 candidatos tiveram seus resultados alterados.

Na última sexta-feira (20), o MEC recorreu de decisão da Justiça sobre as redações do Enem e, mais tarde,  decidiu cancelar a primeira edição do Enem que seria realizada em abril deste ano. Uma portaria de 18 de maio de 2011 havia anunciado que, a partir de 2012, o Enem seria realizado duas vezes por ano. A mesma portaria havia fixado a data da primeira edição do exame para os dias 28 e 29 de abril.

Por solicitação do MEC, a empresa Modulo Security, que organiza o exame, concluiu que a realização de duas edições no mesmo ano sobrecarregaria as estruturas logísticas do exame, como o ministro havia dito no dia anterior.