quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Filho de mentor de divisão no Pará condena projeto atual.

Filho do autor do primeiro projeto de emancipação do Tapajós, o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto diz simpatizar com as aspirações separatistas da região oeste do Pará, mas diz que o atual projeto de cisão descaracterizou o projeto original.

"O projeto que foi apresentado pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) não tem nada a ver com essa longa história de expectativas e aspirações sobre Tapajós", afirma Pinto, 62 anos, que também é contrário à criação do Estado dos Carajás, no sudeste.
PARÁ

Na opinião do jornalista, a descaracterização da proposta original, elaborada nos anos 1950, com a inclusão do vale do Xingu no território que integraria o Estado do Tapajós, criaria mais problemas do que soluções para a região.

A proposta sobre a criação dos dois Estados será objeto de um plebiscito no próximo dia 11, no Pará. Na consulta, os eleitores terão de opinar separadamente sobre a emancipação de Tapajós e de Carajás.

Pinto diz que, com a inclusão do vale do Xingu no projeto de Tapajós, o município de Altamira – onde o governo federal pretende erguer a hidrelétrica de Belo Monte – ficaria subordinado a uma capital (Santarém) com a qual não tem qualquer ligação política e que fica quase tão distante quanto a atual capital, Belém.

"Vamos ter todos erros dessa centralização em Belém, longínqua, e nenhum dos benefícios que são prometidos de administração pública mais próxima dos cidadãos. Então esse projeto está falho no nascedouro, não posso concordar", afirma.

Segundo o jornalista, é preferível que Altamira continue subordinada a Belém, com quem já mantém alguma conexão política.

Nascido em Santarém, Pinto hoje vive em Belém e é responsável pelo único jornal brasileiro produzido por uma única pessoa, o Jornal Pessoal.

Autor de 12 livros sobre a Amazônia, Pinto é um crítico do modelo de exploração econômica em vigor na região, que, segundo ele, privilegia a exportação de recursos naturais e energéticos sem beneficiar a população local.

O trabalho como jornalista rendeu-lhe quatro prêmios Esso e dois da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), que, em 1988, considerou o Jornal Pessoal a melhor publicação do Norte e Nordeste do país. 
Fonte:www.bbc.co.uk