segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conheça a realidade por trás dos números que avaliam a educação


Falta espaço na casa de quatro cômodos pequenos onde Wellington Borges da Silva, de 11 anos, vive com os pais e mais dois irmãos. Os livros didáticos que recebe da escola ficam empilhados em um cantinho, junto com o único caderno, ao lado do guarda-roupas, no quarto que divide com os irmãos.
Wellington faz as tarefas da escola em pé, na mesa da cozinha, onde não há cadeiras. A família não possui livros de literatura, nem lápis de cor ou giz de cera. Ele carrega o lápis, a caneta e a borracha no bolso. Não tem mochila ou estojo.
O pai de Wellington tenta, mas não pode ajudar muito o menino porque só estudou até a 5ª série do ensino fundamental. Avisa todos os dias aos filhos que só o estudo pode mudar a dura vida da família, que ainda sonha com a casa própria.
A realidade de Wellington, que mora em Apuarema, no interior da Bahia, se assemelha à de centenas de crianças da cidade (e do País). Não aparece nos números que medem a qualidade da educação nacional e suas complicações não foram suficientes para fazê-lo desistir de estudar. Pelo menos, por enquanto.
Em 2007, o MEC criou a avaliação com a pretensão de medir a qualidade da educação brasileira a partir de notas em provas de português e matemática – a Prova Brasil – e da quantidade de alunos aprovados em cada série.
A partir dos resultados, criou metas para cada escola, rede, município, Estado e para o País. Cada instituição ou rede tem uma nota a ser atingida, elaborada de acordo com os próprios desafios. Em 2022, o objetivo é que as escolas das séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª) cheguem à nota 6, patamar equivalente ao desempenho de países desenvolvidos.
Com base nas metas individuais, o MEC formulou políticas para ajudar as redes a atingirem notas melhores. Aos poucos, o impacto do Ideb provoca mudanças.
Entre as 11 cidades com as cinco piores notas nas séries iniciais da rede pública (há alguns empates), seis são baianas. Apuarema, a cidade de Wellington, aparece na lista divulgada pelo Ministério da Educação em julho com a pior nota do Brasil, de 0,5, em uma escala de 0 a 10.
Na sequência, estão os municípios de Pedro Alexandre (2,0), Manoel Vitorino e Nilo Peçanha (2,1), e, por fim, Dário Meira e Pilão Arcado (2,2), todos com notas bem abaixo da média nacional para a etapa, que ficou em 4,6 pontos, e insuficientes para atingir as próprias metas.

Fonte:ultimosegundo.ig.com.br